Resolvi
fazer uma experiência da presença de Deus, em nós.
Aproveitar a saudosa ausência de Nivaldo.
Decidi ficar sozinho, em casa, no São João.
O
ausente: eu, Nivaldo ou nenhum dos dois?
Descobri:
- Eu
estava só mas não estava só e nunca estive sozinho;
- Ao
nascer, logo vi que eu não era eu. Eu era uma extensão de dois seres que já
existiam e, por amor, me trouxeram para ser nós, com eles e outros.
Eu era
nós: - inicialmente, eu, meu pai e minha mãe.
- Logo
em seguida vi que eu era bem mais nós do que podia perceber. Eu era eu, pai,
(Frutuoso ou Nonô de Paranaguá), mãe, (Feliciana ou D. Bem), irmãos, avós,
primos, amigos e mais um mundo de gente do povoado da Usina Terra Nova, da
Usina Paranaguá, do município de Santo Amaro da Purificação, do estado da
Bahia, do Brasil e de todo o mundo.
Quem
disse que parou por aí?
- A cada
dia eu/nós era mais gente e mais gentes. Eu/nós era um mundo de gente dentro de
um mundo de 5 continentes, dentro de um mundo terra, que fica dentro de um
mundo universo.
-
Descobri que eu jamais consigo ficar só.
Quanto
ao eu/nós irmãos, inicialmente, encontrei Raimundo ou Mundinho, (por parte de
Pai), Nilda ou Ia e Nilza ou Nena. Soube que antes de chegar aqui, 4 (quatro)
irmãs e 1 (um) irmão tentaram vir e não conseguiram. Eu cheguei e fiquei. Com
isso, minha avó, Zéia, mãe de minha mãe, me chamou de subejo da morte (termo
usado em substituição à palavra resto da morte) e disse que eu vim, cheguei
forte, fiquei e segurei os que vieram depois de mim.
Sim.
Depois
que eu cheguei, meus pais trouxeram mais 4 (quatro) eu/nós para ficar comigo. Eu/nós:
Nilzete ou Nil, Nilson ou Dica, Nivaldo ou A ou Azinho ou Badinho, e Nilzélia,
a caçula.
-
Jamais fui sozinho.
Aqui
dentro de casa, Feira de Santana – Bahia, Brasil, eu senti mais de perto a
presença de Deus em mim.
Essa
presença se traduzia no meu recolhimento, sem solidão. Isto porque percebia a
companhia de Nivaldo, com seu jeito de brincar, de provocar a mim e a Nilson,
principalmente, quando o tema era política brasileira.
Tinha a
companhia de todos os familiares, mesmo estando eles onde estavam, em Feira, em
Salvador, em Gandu e em outras localidades, dançando o forró, ou não; Tenho
certeza de que, onde estavam, sentiram a minha presença, através das lembranças do
meu jeito de ser, naquelas ocasiões.
Creio
que diziam:
- Se
painho estivesse aqui, (...);
- Se
Cosme estivesse aqui, (...);
- Se
Dadai estivesse aqui, (...).
Creio
que todos diziam, também:
- É
como se ele estivesse aqui. Todos perguntam por ele. Tudo aqui nos faz lembrar
dele. Mas ele quis ficar sozinho. Vamos respeitar.
E nem
percebiam que eu estava ali, em cada um.
Nem
lembraram que Nivaldo estava comigo e eu com ele.
E nem
percebiam que todos eles estavam comigo e que não me deixaram só.
Nem
percebiam que cada um era eu e, também, que eu sou cada um.
Descobri
que a palavra EU é plural. Dispensa até a palavra NÓS, em determinadas
situações, porque sinto que EU não sou EU, sou NÓS.
(RESOLVI INTERROMPER AQUI O RELATO DA EXPERIÊNCIA)