terça-feira, 16 de abril de 2024

Educação e Alegria: Alegria e/ou tristeza

 Alegria e/ou tristeza

 

“Tristeza, por favor, vá embora”.

Sempre gostei de cantar e dançar ao som da música cantada por Beth Carvalho. Lembro que, nos carnavais, os foliões se esbaldavam em grandes bailes, nos salões, mandando a tristeza embora.

Mas não eram somente os foliões que eram atingidos por essa tristeza. No dia a dia, alguns fatos trazem a tristeza que insiste em se instalar na vida das pessoas.

Essa tristeza gosta muito de visitar os casais que se amam, nos momentos dos seus desencontros.

Quando um dos membros do casal quer conversar com o outro, tentando mostrar que aquele comportamento não ajuda ao bem-estar dos dois, o causador da desavença evita a conversa.

Se houver insistência, esse outro se faz de vítima e diz que é assim mesmo e que não vai mudar, agora, depois de velho/a. Alguns até dizem que puxou ao pai ou à mãe.

Deixam-se dominar e ainda e continuam fazendo questão de dizer que puxou aos pais, assim como seus irmãos/irmãs, como se fosse um fato positivo em sua vida.

Nem sempre esse tipo de comportamento traduz a verdade, mas é uma forma de fugir e/ou de justificar e de se acomodarem em suas atitudes.

O que os dois precisam descobrir é que fazer amor é bem mais prazeroso que fazer a guerra.

Os dois condenam as guerras, a violência, as discórdias e todos os desencontros de que têm conhecimento, inclusive, dos que são divulgados pelo celular, pelo rádio, pela televisão e por todos os meios de comunicação disponíveis, com suas verdades e mentiras.

Está na hora de descobrir que o amor e a paz só nos fazem o bem.

Está na hora de adotar o amor e a paz como forma de vida para o casal e para todas as pessoas, no Brasil e no mundo, todos os dias, o dia todo, por toda a vida, começando dentro de casa.

Vamos mandar a tristeza embora.

Vamos dizer a ela que nesse mundo não existe espaço para ela.

Vamos dizer a ela que ela não será mais bem recebida em nosso meio.

Vamos dizer a ela que, decisivamente, não a queremos por aqui.

Vamos dizer a ela: - Vá embora, tristeza!

Jesus vê a nossa tristeza, mas garante que essa tristeza não permanecerá em nós.

Ele diz:

“E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de transformar em alegria”. (Jo 16,20)

E mais:

Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos amo. (Jo 15,12)

Vamos acreditar nessa promessa de Jesus! (Jo 16,20)

Vamos atender a esse mandamento de Jesus! (Jo 15,12)

Vamos adotar a alegria!

Vamos mudar de música e, como Caetano Veloso, dizer ao mundo:

“É hoje o dia da alegria

E a tristeza nem pode pensar em chegar”.

Vamos afirmar, todos os dias:

- A alegria tomou conta da minha vida!

terça-feira, 2 de abril de 2024

Educação e Amizade: O meu melhor Amigo

 

O meu melhor amigo

 

Para:Você​ Sáb, 30/03/2024 08:40

 

“O meu melhor amigo morreu numa tarde triste de sexta-feira. O sol ainda era quente e o calor era intenso. Morreu de um jeito cruel. Vítima de um sistema político e religioso que não sabia entender que *Deus prefere os miseráveis. Morreu porque amou demais; morreu porque não sabia mentir.

 

O meu melhor amigo não sabia ser indiferente. Viveu o tempo todo recolhendo os que estavam caídos e desacreditados. Ele foi um ser humano inesquecível. Entrava em lugares proibidos e dormia na casa de pessoas abomináveis. Trocou santos por Zaqueu, doutores por Mateus. Não se preocupava com o que os outros estavam achando dele, mas ocupava-se de sua vida como se cada instante vivido fosse o último.

 

Meu melhor amigo tinha o poder de ser irreverente. Ele olhava nos olhos dos fracassados e lhes restituía a coragem perdida. Segurava nas mãos dos cansados e os convencia que ainda lhes restavam forças para chegar.

 

O meu melhor amigo era desconcertante. Tinha o dom de confundir os sábios e encantar os simples. Eu, certa vez, também me encantei com ele. Chegou num dia em que eu não sei dizer qual foi. Chegou numa hora em que não sei precisar. Sei que chegou, sei que veio. Entrou pela porta da minha vida e nunca mais o deixei sair. Somos íntimos. Minha fala está presa à dele. Eu o admiro tanto que acabo tendo a pretensão de querer ser como ele. Já me peguei cantando para ele os versos de Tom Jobim: “Não há você sem mim e eu não existo sem você!” Ele sorri quando eu canto.

 

Meu melhor amigo me ensina a ser humano. Ele me ensina que a vida é uma orquestra linda, mas dói. Ele me ensina a apreciar os acordes tristes… e aí dói menos. A beleza distrai a tristeza. Foi assim que eu assisti à sua morte na *Sexta-feira Santa. Eu sabia que era passageira. Era apenas um interlúdio feito de acordes menores, dilacerantes de tão tristes. Meu amigo não sabe ser morto. Ele gosta é de ser vivo, vivente! E é assim que eu entendo a dinâmica da Ressurreição. Quando digo: “Ele está no meio de nós!” eu estou convidando o meu amigo a ser vivo através de mim. Quem ama, de verdade, leva sempre a criatura amada por onde vai. E é assim que o amor vai se tornando concreto no meio de nós. É assim que a vida vai ficando eterna… e a gente vai ressuscitando aos poucos…

 

Hoje, eu acordei mais feliz. Nada de especial me aconteceu. Apenas me recordei de que meu melhor amigo ainda acredita em mim, apesar de tudo. Eu sou um legítimo representante de sua ressurreição no mundo. Não posso me esquecer disso. As pessoas olham para mim… eu espero que elas não me vejam… eu espero que vejam o meu melhor amigo, em mim.”

 

Padre Fábio de Melo.