quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Educação e Dia do Professor: Ser Professor

 

Ser Professor

15 de outubro de 2020, Dia do Professor.

Em todos os meios de comunicação, inclusive, no “zap”, desfilam muitas merecidas homenagens aos Professores.

Em muitas delas, vê-se expressões e testemunhos emocionantes, sempre em agradecimento a esses profissionais, responsáveis pela formação da nossa gente.

Em estudos realizados durante as pesquisas para defesa de tese de Mestrado em Educação, pude observar que o Prof. Paulo Freire, pernambucano, (1621 – 1997) via o Professor como aquele que ensina e também aprende, inclusive, junto com seu aluno. Isto, num encontro democrático e afetivo, onde ambos podem se expressar.

 Ainda nessas pesquisas, vimos que para Paulo Freire, “O homem pode refletir sobre si mesmo e colocar-se num determinado momento, numa certa realidade: é um ser na busca constante de ser mais e, como pode fazer esta auto-reflexão, pode descobrir-se como um ser inacabado, que está em constante busca”. Assim é o Professor.

Nos mesmos estudos acima citados, encontramos o Prof. Anísio Teixeira, baiano de Caetité, (1900 – 1971) afirmando que o Professor é um ser interessado no processo educativo; é aquele que é um Professor, por excelência, e também um pesquisador.

Ele defendia para o Professor uma formação continuada, com repetidas capacitações e frequente atualização. Logo, sugeria ao Professor estar sempre em formação.

Além dos Professores Paulo Freire e Anísio Teixeira, muitos outros autores escreveram sobre o Professor, sempre confirmando esse profissional, base do processo educacional, como uma figura de fundamental importância para que um povo aprenda a caminhar como irmãos e a se constituir como uma nação.

O professor é um ser sempre coerente nos seus atos porque o seu testemunho tem um grande significado para o aluno. Assim, o professor pode e deve manter a prática de criar e recriar, em busca de uma constante e continuada formação, para ser o sujeito de sua própria história. Logicamente, deverá ajudar também o educando a despertar para a importância da busca constante de uma melhor e continuada formação para também alcançar essa condição de sujeito da própria educação.

É exatamente esse profissional que, merecidamente, homenageamos, hoje.

No entanto, nem todos reconhecem a grandeza desse ser indispensável para a formação da nossa gente.

Muitos políticos e governantes do nosso Brasil, mestres em atitudes doentias e de interesses particulares, condenam o Professor. Isto, porque eles não aceitam que o nosso povo seja esclarecido e a ele seja dado o direito de pensar e agir, com autonomia.

Na verdade, se ao povo for concedida essa condição de saber ler e saber pensar, ele vai saber escolher os governantes do seu Município, do seu Estado e do seu País.

O povo vai saber também se defender daqueles governantes que agem como marginais, semelhantes aos do “farisaísmo legalista: fazer ver como bom e perfeito o que é mau ou ao menos daninho, e fazer ver como mau o que é bom”. (Bíblia Sagrada. p.1648).

Recorri à Bíblia Sagrada porque Jesus Cristo está sempre a alertar e a mostrar ao povo o caminho da libertação, principalmente porque os governantes civis e religiosos da sua época (conforme Lc 11,46) “carregam os homens com pesos que não podem levar, mas vós mesmos nem sequer com um dedo vosso tocais os fardos”.

Seguindo a leitura bíblica indicada (Lc 11,47-54) na Liturgia da Igreja Católica para este dia 15 de outubro de 2020, Dia do Professor, vemos que Jesus continuava a se dirigir aos governantes, chamando a atenção para a opressão que exerciam sobre o povo.

“Depois que Jesus saiu, os escribas e fariseus começaram a importuná-lo fortemente e a persegui-lo com muitas perguntas, armando-lhe dessa maneira ciladas, e procurando surpreendê-lo em alguma palavra de sua boca. (Lc 11,53-54).

Caro Professor: situações semelhantes estamos vivendo hoje, em pleno ano de 2020. Tenham cuidado com as ciladas! Continuem servindo ao seu irmão que precisa de sua ajuda para sair da escuridão que lhes é imposta por esse sistema malvado e injusto que governa o País.

E lembrem das palavras de Jesus, que lhes chama de amigos: “Digo-vos a vós, meus amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer”. (Lc 12,40).

Portanto Professor, continue em caminhada, sempre buscando mais a aprendizagem, enquanto ensina outros a aprenderem a aprender, caminhando e aprendendo, por toda a vida.

Aproveito a oportunidade para agradecer as homenagens recebidas, hoje, por ser também Professor.

A cada colega, pela sua escolha profissional e cumprimento de sua missão:

- PARABÉNS, PROFESSOR!!!

 

Referências:

Bíblia Sagrada Ave Maria – Edição de Estudos. 5ª edição. 2015. Edição Claretiana. Editora Ave Maria. São Paulo.

CERQUEIRA, Cosme Castor de. Tese de Mestrado em Educação – Universidad Del Salvador/ Buenos Aires/ Argentina. 2016.

Encontro Diário com Deus: orações e mensagens. Ano: 2020. Editora Vozes Ltda. Petrópolis. RJ. Brasil. 2019.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Educação e Respeito: mais uma resposta ao ministro da Educação do Brasil/2020

 

Ministro, peça desculpas aos professores

 

Cosme Castor

Qui, 01/10/2020 11:35

Asst: Ministro, peça desculpas aos professores

 

Ignácio de Loyola Brandão, O Estado de S.Paulo

29 de setembro de 2020 | 08h58

 

Ministro Milton Ribeiro, deixe-me apresentar. Sou escritor, publiquei 46 livros, jornalista desde 1952, hoje cronista e pertenço a duas Academias, a Brasileira e a Paulista. Este breve curriculum se deve a quê? Aos professores que tive.

 

Todos de primeira linha, dedicados, cultos, apaixonados. Desde 1975, junto a outro escritor e acadêmico da Brasileira, Antonio Torres, atravessamos o Brasil. Convidados por professores, discutimos a formação de leitores e literatura. Estive várias vezes no Mackenzie, sua escola, levado por quem? Por professores que adoram seu ofício.

 

Ao longo destes 50 anos, conhecemos e nos relacionamos com mais de dois ou três mil professores que desdenharam outras profissões. Poderiam ter sido médicos, engenheiros, advogados, ministros, astronautas, cientistas, artistas, executivos, banqueiros, e daí em diante. Preferiram ser mestres. Ninguém vai ser professor sem paixão pelo ensino.

 

Deste modo, ao ler sua entrevista neste jornal, recentemente, levei um susto com sua escorregadela: “Hoje, ser professor é ser quase que uma declaração que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa”. Ou seja, são pessoas que fracassaram. Em seguida, percebendo, o senhor tentou consertar: “É preciso a gente olhar com carinho maior para os professores”. Ou seja, uma no prego e outra na ferradura. Um tapa, um beijo. Afago e beliscão.

 

 

Existem zilhões de profissões. Mesmo assim, o que se depreende de sua fala é que milhões acabaram sendo professores por incapacidade, preguiça, deficiência mental, incompetência, ignorância, burrice, analfabetismo? Exagero?

 

Como escritor, trabalhando com a imaginação exacerbada, conhecendo o absurdo da realidade tornei-me, segundo me definem curiosamente, “vidente”, profeta. Está em meu livro Desta Terra Nada Vai Sobrar..., publicado em 2018: “O Ministério da Educação foi eliminado, porque o governo decidiu que quem quiser estudar, estude onde quiser, como quiser, como puder, onde conseguir, se tiver vontade.” Antecipei Bolsonaro e o desmantelamento do Ensino. Há dois anos vivemos o caos educacional.

 

O senhor, Ministro, pertence a uma escola de elite em São Paulo, reconhecida pela qualidade. Quer dizer que os professores que dão aulas ali, e em todas as escolas do Estado, do País, foram dar aulas porque não acharam mais o que fazer? Ou é gente que sonhou e se formou para isso, estudou, batalhou à exaustão, conseguiu nível de excelência? Ou porque idealizaram mudar cabeças, melhorar o País e isso se consegue com educação?

 

Sei – e o senhor sabe – que o número de professores no país, em 2017, passava de 2,5 milhões, segundo revelou Carolina Gonçalves, da Agência Brasil. A maior parte dos professores é da educação básica, seguindo os do ensino superior, além dos que estão na zona rural.

 

Será que este número enorme é de gente que não conseguiu outro trabalho? Não puderam ser célebres no cinema, nem cientistas, caminhoneiros, artistas, garis, bombeiros, mestres de cozinha, modelos, publicitários, jornalistas, bailarinos, futebolistas, taxistas, assessores de políticos, de imprensa horticultores, balconistas, metalúrgicos, motoboys, vidraceiros, caftens, marceneiros, pedreiros, chapeiros de hambúrguer, agrimensores, bicheiros, pianistas, donos de papelaria ou de pastelaria?

 

Andou pelo Brasil, Ministro? Saiu dessa confortável poltrona em que o vejo sentado na foto do jornal? Esteve nas escolas rurais de Pirenópolis, interior do Goiás, onde professoras madrugam para dar aulas a filhos de camponeses? Embarcou nos barcos bibliotecas que partem de Macapá levando livros para escolas ribeirinhas sobre o Amazonas? Esteve com as professoras que conseguiram ensinar alunos rebeldes, tresloucados, filhos de marginais, na Casa Meio Norte, em Teresina, hoje modelo premiado?

 

Esteve – como estive – na escola da aldeia dos índios da tribo Canindé, no Ceará, e viu os jovens mantendo tradições e manipulando computadores com o pé no futuro? Ou acha, como o presidente, que os índios estão só queimando matas? Conviveu com professores dando aulas ao ar livre em Rio Branco, Acre, rodeados por jovens?

 

Testemunhou o trabalho monumental, voluntário, dos professores que a cada ano são voluntários nas Feiras de Livros de Ribeirão Preto, que chega à sua 20ª edição? Ou do esforço feito em Passo Fundo pelas Jornadas de Literatura de Tania Rösing e sua equipe? Jornadas extintas por dificuldades financeiras. Assombre-se, elas reuniam em cada sessão – e eram três por dia – seis mil professores formadores de leitores.

 

Ministro, não ignore o fundamento de uma nação, o professor. Esse   que é mal pago, desconsiderado, violentado, processado por pais,    agredido por alunos. Sou escritor por ter tido professores dignos. 

Percorra a nossa história e verá quantas figuras fundamentais (ou      não) foram formadas por eles. Peça desculpas a essa gente, base da nação. Seu cargo é mais importante que o do presidente da nação.   Não misture alhos com bugalhos, libere-se dos preconceitos e entre para a história colocando ordem na casa.


Educação e Respeito: RESPOSTA AO MINISTRO DA EDUCAÇÃO/2020

 

- Veja o que me mandaram, pelo zap: 

Cosme Castor

Qui, 01/10/2020 09:21

 

RESPOSTA AO MINISTRO DA EDUCAÇÃO MILTON RIBEIRO, PELA DECLARAÇÃO:

 

      "Hoje, ser um professor é ter quase que uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa”.

 

      Caro Ministro, sempre sonhei ser professora. Demorei muito para realizar meu sonho, porque antes, foi necessário que eu ingressasse no mercado de trabalho e interrompesse a graduação em Pedagogia. Só muitos anos depois tive condições de retornar aos estudos dessa vez, para cursar Letras, sempre na área da educação, porque muito me orgulha a importância social desse trabalho. Sou também poeta, mas é no magistério que exerço minha função mais importante, mais nobre.

      Já sobre ser Ministro deste governo, considero ser uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer nada de nobre na vida. Ser Ministro deste governo é uma declaração de que sequer, a pessoa tem uma biografia a zelar. Ser ministro deste governo é um atestado de incompetência em todas as áreas da vida e em todas as dimensões humanas. Ser Ministro deste governo é um atestado incontestável de fracasso absoluto! 

      Ministro, eu influenciei positivamente meus filhos; uma Mestra em Psicologia e um graduando em Engenharia que também foi meu aluno. Eu oriento mais de quatrocentos alunos, ainda que remotamente, durante a pandemia, porque nunca parei de trabalhar. E o senhor, o que faz, além de dar declarações desastrosas à imprensa?

      Acaso o senhor ajudou no plano de contingência dos estados para o retorno às aulas presenciais durante a pandemia? Quais foram suas ações para o enfrentamento desse, que é um dos momentos mais dramáticos da história recente da humanidade? Qual sua contribuição, Ministro? Nenhuma!

      Eu entendo perfeitamente sua linha de raciocínio quando afirma que aqueles que escolheram o magistério, o fizeram  por não conseguirem exercer outra ocupação. Na sua lógica torta, só tem valor a profissão bem remunerada. A sua lógica é o dinheiro. Sim, o magistério brasileiro é a força de trabalho, com curso superior, com menor renda neste país. Nem todos escolhem seu ofício por dinheiro. Há os que o escolhem por amor e decidem continuar nele para lutar. Para lutar contra embustes como o senhor, contra as más condições de trabalho e salário.

      Ministro, nós venceremos! Em muito menos de um par de anos o senhor não será lembrado, mas nós resistiremos! Eu resistirei! E ser professor no Brasil ou em qualquer outra parte do planeta, continuará sendo uma das profissões mais nobres a qual um ser humano poderá ter a honra de dedicar seu tempo e a sua vida!

      Recolha-se a sua insignificância histórica, senhor Ministro!

("O senhor passará e nós passarinho!).

Márcia Friggi

* solicito se não for pedir demais para que compartilhem essa mensagem nas redes sociais, uma forma de esclarecer, resistir e lutar pela nossa causa.

Educação e Isolamento social: como aproveitar esse tempo?

 

Isolamento social: como aproveitar esse tempo?

Veja o que me mandaram, pelo zap:

 

Cosme Castor

Qui, 01/10/2020 09:24

 

"Mestre, como posso enfrentar o isolamento?

 

Limpa a tua casa. A fundo. Em cada canto. Mesmo os que nunca sentiste a coragem e a paciência para limpar. Torna a tua casa brilhante e bem cuidada. Remove poeira, teias de aranha, impurezas. Mesmo no lugar mais oculto. A tua casa representa-te: se cuidas dela, também te cuidas. - Mestre, mas o tempo é longo. Depois de cuidar de mim e da minha casa, como posso viver o isolamento? 

Conserta o que pode ser corrigido e remove o que não precisas mais. Dedica-te à colcha de retalhos, cose o início das calças, costura bem as bordas desgastadas dos vestidos, restaura uma peça de mobiliário, repara tudo o que vale a pena reparar. O resto, deita fora. Com gratidão. E com a consciência de que o seu ciclo terminou. Consertar e remover o que está fora de ti permite corrigir ou remover o que está por dentro. - Mestre e depois o quê? O que posso fazer o tempo todo sozinho? 

Semeia. Até uma pequena semente num vaso. Cuida de uma planta, rega-a todos os dias, fala com ela, dá um nome, remove as folhas secas e as ervas daninhas que podem sufocá-la e roubar energia vital preciosa. É uma maneira de cuidar das tuas sementes interiores, dos teus desejos, das tuas intenções, dos teus ideais. -Mestre e se o vazio vier visitar-me? ... Se vier o medo da doença e da morte? 

Fala com eles. Prepara a mesa para eles também, reserva um lugar para cada um dos teus medos. Convida-os para jantar contigo. E pergunta-lhes por que vieram de tão longe para a tua casa. Que mensagem eles te querem trazer. O que eles te querem comunicar. - Mestre, acho que não posso fazer isso ... - A tua questão não é isolar os problemas, mas o medo de enfrentar os teus dragões internos, aqueles que sempre quiseste afastar de ti. Agora não podes fugir. Olha nos olhos deles, ouve e descobrirás que te colocaram contra a parede. Eles isolaram-te para que pudessem falar contigo. Como as sementes que só podem brotar se estiverem sozinhas. (post original de Zen Toyo).