Esse vírus é O ALGUÉM?
Clelmo, um dos meus filhos, sugeriu fazer uma
reflexão sobre esse momento de pandemia que estamos atravessando. Resolvi colocar aqui o texto a mim enviado, que
ele apresenta como base para a reflexão. Em seguida, apresento o meu
comentário.
Vejamos:
“CRISTO MANDE ALGUÉM
Há alguns anos, na maioria das Igrejas Cristãs, se cantava a música
“Cristo, mande alguém”. Nessa música, pediam a Cristo que mandasse alguém para
ajudar a humanidade a reencontrar o caminho.
A música fala em drogas, guerras, crianças abandonadas e conflitos
familiares. Ainda não existiam os males da internet; o distanciamento das
pessoas; o desamor, preferindo relacionamentos virtuais aos reais; o bullying
cibernético ou o ciber bullying, etc. Sem falar na degradação da família, na desvalorização
dos idosos, na banalização da violência e na indiferença, em relação a dor do
irmão.
De repente, no meio desse furacão, surge um vírus, algo, a princípio,
nocivo, ameaçador e mortal. Um mal invisível que literalmente parou o mundo e
enclausurou as pessoas em casa, com medo, no famoso isolamento social.
Bares, shoppings, cinemas, feiras livres e o comércio em geral, todos
fechados. Com isso, o distanciamento social que antes era uma opção, passou a
ser obrigatório e não abraçar ou beijar seus familiares e amigos passou a ser uma
obrigação e uma expressão de cuidado e de amor.
Os membros das famílias foram “obrigados” a passar mais tempo juntos.
Pais, que nunca haviam brincado com seus filhos, redescobriram como é
bom ser criança. Casais, que praticamente não se viam, foram “obrigados” a
conviver 24 horas juntos e puderam se conhecer melhor.
E a máscara, que era usada apenas pelos profissionais de saúde, passou a
ser item obrigatório na vestimenta de todos, numa forma de cuidar do
outro. Sim, do outro! O “nefasto” vírus nos dá a oportunidade de seguir o
maior de todos os mandamentos: amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei.
A máscara nos permite proteger o irmão, mesmo sem saber quem é ele,
mesmo que ele não esteja usando máscara para nos proteger, ou seja, um amor
altruísta, do jeito que Jesus nos ensinou, que não se importa se vai ou não ser
retribuído.
Então... Será que esse vírus é O ALGUÉM?”
MINHA RESPOSTA:
Esse vírus é O ALGUÉM?
Buscai
em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e tudo o mais vos será dado.
(Mt 7,33)
Realmente,
estamos vivendo um momento especial da história da humanidade. Por todo o
mundo, sentimos o reflexo dessa pandemia, que causou todos os problemas de que temos
conhecimento, inclusive, os que eram cantados na música “Cristo, mande alguém”,
conforme sua observação.
No
entanto, sabe-se, também, que o mundo vive muitos outros problemas, causados
pelo afastamento dos caminhos que Jesus Cristo mostrou a todas as pessoas, de
todas as partes do mundo.
Vemos
hoje o desrespeito, o ódio, a violência, o desamor, a imperar e a comandar a
vida das pessoas. A mentira, apelidada pelo termo em inglês, o fake news, é um
dos instrumentos que mais fere as pessoas e as desviam dos seus caminhos,
atualmente.
Mentiras,
falsidades, hostilidades e perseguições são fatores que marcaram a vida das
pessoas, também, mesmo antes do tempo em que Jesus Cristo esteve aqui na terra,
registrado na Bíblia, lá no Antigo Testamento.
Nessa
fase da história, os Profetas se empenhavam para alertar o povo e, assim,
fazê-lo voltar para os caminhos de Deus.
Mas
as ilusões e a falsa liberdade que o mundo oferecia deixavam o povo atordoado e
iludido. Mágoas, rancor e ódio, facilmente, dominavam seu coração.
Sempre
tirando proveito da situação, os governantes queriam apenas que o povo
continuasse a produzir para manter em alta o crescimento das suas riquezas.
O povo era compensado, apenas, com o
necessário para manter-se vivo e produtivo.
Hoje,
a história se repete. Vemos os líderes governantes da nossa pátria a desviar o
povo dos seus verdadeiros problemas.
O
mais triste de tudo isso é que uma grande parte de líderes de diversas
religiões apoiam e incitam o povo a viver esse mundo de mentiras e de violência,
onde a vítima é o próprio povo.
A
esses líderes religiosos, falsos profetas, a Bíblia denuncia, em muitos trechos
do Antigo e do novo Testamento, como destacamos em alguns destes momentos:
-
“Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho miúdo de minha
pastagem!” (Jr 23,1)
-
“Ai dos profetas insensatos que seguem sua própria inspiração.” (Ez 13,3)
-
“Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas
por dentro são lobos arrebatadores.” (Mt 7,15)
-
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros
caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de
cadáveres e de toda espécie de podridão.”
(Mt 23,27)
A
violência contra a mulher, contra o negro, contra o povo pobre; a desobediência
às leis; a incitação das pessoas contra os cuidados e recomendações necessárias
ao combate a essa pandemia do covid; tudo isso está sempre na ordem do dia.
A
mensagem do Evangelho de Jesus Cristo vai contra todas essas coisas que vêm
acontecendo na vida do brasileiro e na vida das pessoas, por todo o mundo,
especialmente nos campos social e político e, como vimos, até no religioso.
Mesmo
vivendo essa situação e vivendo essas dificuldades, o brasileiro precisa tomar
suas decisões. Deve imitar a Jesus, que veio ao mundo, enviado por Deus, como
um homem do povo, pobre e humilde. E veio com a missão de libertar o povo de
Deus da opressão e da escravidão.
Aqui,
cumpriu sua missão e nos enviou para que o imitássemos, realizando a nossa
missão do mesmo jeito que Ele realizou a Dele, em defesa e benefício do povo,
conforme a vontade do Pai.
Diante dessa atitude de Jesus, de lutar
pelo povo por toda a sua vida, não acredito “que esse vírus é O
ALGUÉM”.
Sua ação maligna foi atraída, justamente, por essa gente que assume
lideranças política e/ou religiosa, para defender interesses de grupos,
sacrificando a vida do povo e negando todos os ensinamentos de Jesus Cristo.
A matéria prima da atração é a maldade incrustrada no coração do homem. Esses
“donos” do poder fazem as leis para facilitar a convivência social, obrigam as
pessoas do povo a cumprir, mas não as cumprem.
Conforme o Evangelho de Mateus (23,3), dessa mesma forma também
acontecia, na época em que Jesus viveu em nosso meio.
Hoje, os desmatamentos; as queimadas, nas matas; o óleo derramado nas
praias do Nordeste Brasileiro; o regime escravocrata de trabalho; a indiferença,
diante do sofrimento das famílias de pequeno ou quase nenhum poder aquisitivo; dentre
outras; todas essas más ações praticadas pelo homem, contra seus irmãos e
contra a natureza, trouxeram essa pandemia.
Esse lado positivo que desperta “a oportunidade de seguir o maior
de todos os mandamentos: amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”, como foi
citado acima, apenas acontece na mente daqueles que acreditam em Jesus Cristo,
Filho de Deus Pai.
Os aproveitadores, que não acreditam em Jesus Cristo, vão continuar não
acreditando e não amando aos irmãos, como Jesus amou.
Na verdade, vão querer sempre se aproveitar da bondade e do amor das
pessoas, com ou sem pandemia.
Tudo isto está sendo comprovado nos noticiários dos meios de comunicação,
paralelo à divulgação dos dados sobre a pandemia.
Então, continuarão servindo ao “deus” do dinheiro e da exploração do
irmão, em benefício próprio e de grupos usurpadores dos direitos do outro, dos
direitos do irmão, por todo o mundo.
Tudo isso, cada um de nós pode testemunhar, de perto, aqui no Brasil, em
cada um dos municípios, onde moramos.
A nossa esperança está na intercessão de Nossa Senhora, Padroeira do
Brasil, e no amor do Seu Filho, Jesus Cristo, por nossa gente e por todas as
gentes do mundo.
Afinal de contas, Deus é Brasileiro, também.
Referência:
Bíblia Sagrada Ave Maria –
Edição de Estudos. 5ª edição. 2015. Edição Claretiana. Editora Ave Maria. São
Paulo.