Solidão
Cosme Castor
Ontem, dormi um bocado.
Foi uma boa caminhada.
Desejei tê-la comigo.
Chamei! Chamei! Chamei!
Parecia não me ouvir.
Continuei a chamar.
Não acreditava que não queria me ouvir.
Não acreditava que não queria a minha companhia.
Chamei de novo.
Aumentei o tom de voz.
Gritei!
Mas você não me ouvia.
Continuava na minha caminhada.
Sozinho.
E a vontade de tê-la ao meu lado continuava a gritar
no meu peito.
O sono continuava a me dominar.
E eu continuava a desejar que ela viesse deitar ao meu
lado.
Virei a barriga para cima e estirei o braço, na
esperança de que ela chegasse e deitasse ao meu lado e se “axegasse”,
devagarzinho, para me dar um “xêro”.
Cheguei a sentir o seu cheiro.
Me animei.
Ela chegou!
Eu a beijei, bem devagarzinho, saboreando aquela
aproximação.
Parecia que o corpo dela, devagarzinho, entrava no meu
e o meu, também bem devagarzinho, ia entrando no dela.
Ficamos quietos, quietinhos, quase paralisados,
sentindo o cheiro, um do outro.
Assim ficamos e tudo aconteceu, por um longo tempo.
Foram momentos incríveis!
Iguais a esses, impossível!
A harmonia tomou conta dos nossos corpos e a
felicidade plena passou a ser o nosso viver,
até eu acordar.
Estava sozinho numa enorme cama, vazia.