Manifesto dos Servidores do INEMA
Segundo o Poeta Sertanejo, "O ESTADO DA BAHIA FECHA A CANCELA, SECRETARIO ESTADUAL DE
MEIO AMBIENTE DIFICULTA DIALOGO COM TÉCNICOS AMBIENTAIS UM DESMANDO AMBIENTAL E
MUITA INCOMPETÊNCIA COLOCA EM RISCO OS RECURSOS HÍDRICOS NA BAHIA.
CARTA ABERTA À SOCIEDADE"
PostDateIcon 1/ago/2015 . 5:21
CARTA ABERTA À SOCIEDADE"
PostDateIcon 1/ago/2015 . 5:21
Vejamos o Manifesto:
Nós, servidores do corpo técnico do Instituto do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), autarquia da administração indireta do
estado da Bahia, somos responsáveis pela emissão de licenças, autorizações
ambientais e outorga para o uso da água, pela fiscalização das atividades
potencialmente poluidoras, pela criação e gestão de Unidades de Conservação, e
pela gestão dos recursos hídricos, florestais e da biodiversidade, além da
fiscalização da segurança de barragens, e vimos prestar alguns esclarecimentos
à sociedade baiana.
Conscientes das suas responsabilidades e atentos às
demandas da sociedade, os servidores deste Instituto estão empenhados em
alertar a toda sociedade civil para os desmandos provocados pela política
ambiental promovida na atual gestão, ao longo dos últimos cinco anos, e para as
ações deliberadas do governo para desqualificar as estruturas estaduais e o
corpo técnico do INEMA, como pano fundo para o desmonte da gestão ambiental e
dos recursos hídricos no estado e no país.
Grande parte disso decorre da desestruturação
institucional do Inema, que vem perdendo sua autonomia de órgão executor da
política de meio ambiente e recursos hídricos, tendo a Secretária de Meio
Ambiente usurpado suas atribuições e projetos – cometendo graves desvios das
suas competências legais. A exemplo do “confisco” legalizado do Fundo de Meio
Ambiente (FERFA) e do Fundo de Recursos Hídricos (FERHBA), cuja transferência
para a SEMA impactou severamente a autonomia do INEMA, tirando recursos
financeiros e patrimoniais importantes para a execução da política ambiental.
Ademais, a participação popular foi descaracterizada pela pasteurização das
audiências públicas e o enfraquecimento do Conselho Estadual de Meio Ambiente
(CEPRAM). As análises dos Estudos de Impactos Ambientais foram distorcidamente
simplificadas e as Comissões Técnicas de Garantia Ambiental (CTGA) de órgãos
públicos passaram a assumir o licenciamento de empresas privadas. É grave ver
“legalizada” neste Estado a flexibilização dos instrumentos de gestão
ambiental, a exemplo da isenção de licenciamento para agricultura e pecuária
extensiva, e o excesso de autorizações para supressão de vegetação nativa que
potencializa desmatamento insustentável.
A conservação da biodiversidade e a gestão das Unidades de
Conservação – UC não tem tido prioridade na atual agenda ambiental: há mais de
4 anos nenhuma UC foi criada na Bahia, nenhum Plano de Manejo foi elaborado, e
nenhum projeto socioambiental foi contemplado para as comunidades no entorno
das UC. Ainda mais grave, a maioria das UC está sem gestor, apesar do concurso
público realizado recentemente ter previsto servidores para essa função, o que
não foi respeitado. A situação da gestão da biodiversidade é ainda mais grave
do ponto de vista administrativo, com alta rotatividade de diretores
tecnicamente despreparados (5 diretores em 4 anos), o que ocasionou estagnação
das ações de gestão florestal e da proteção da fauna silvestre, a exemplo da
não implantação de sequer um Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS)
estadual.
A Bahia foi um dos estados pioneiro na criação de uma
Política Estadual de Recursos Hídricos após a promulgação da Constituição
Federal de 1988, com a publicação da Lei nº 6.855/1995, que precedeu a Lei
Federal 9.433/1997, a qual estabeleceu a Política Nacional de Recursos
Hídricos. Apesar desse pioneirismo, a Bahia tem vivenciado, nos últimos anos,
retrocessos na gestão de seus recursos hídricos, com frequentes modificações na
política estadual, nos últimos anos. Em especial, as leis 12.035/2010,
12.377/2011, que alteraram a lei 11.612/2009, mesclaram sem integrar
devidamente a política de Meio Ambiente com a de Recursos Hídricos, não
atentando para suas devidas particularidades e fragilizando os instrumentos de
gestão das águas.
Essas ações de desmonte da Política Estadual de Recursos
Hídricos se iniciaram na gestão do Secretário Eugênio Spengler, quando em 2010,
as campanhas de monitoramento da qualidade das águas da Bahia foram reduzidas
de 4 para 2 por ano, além das reuniões dos Comitês de Bacia Hidrográfica e do
Conselho Estadual de Recursos Hídricos terem sido reduzidas drasticamente. Em
2011, a extinção do Instituto de Gestão das Águas e Clima quebrou um processo
de fortalecimento do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos,
com a pulverização da outorga em diversos setores do INEMA, a descontinuidade
do cadastro dos usuários da água, a redução da fiscalização, assim como a
extinção do Centro de Meteorologia da Bahia – CEMBA, entre outros. Nesse
período nenhum novo Comitê de Bacia foi formado e os atuais têm suas atuações
esvaziadas. Dentre outras consequências, destacamos a fragmentação e
esfacelamento da análise e gestão das outorgas, bem como atraso nos planos de
bacia e enquadramento de corpos d’água, que poderão comprometer a
disponibilidade hídrica para os usuários e agravar a crise hídrica, já
instalada. Apesar dos esforços dos técnicos em apontar e tentar corrigir esses
problemas, a direção do INEMA não tem respondido de forma efetiva.
A falta de diálogo dessa gestão é a marca registrada
permeada por absoluta falta de respeito com os servidores, despreparo na
condução dos processos de negociação, descumprimento de acordos, e não
atendimento deliberado dos nossos pleitos o que demonstra autoritarismo e
distorção na centralidade da direção do órgão. Como exemplo: ausência completa
da participação dos servidores nas discussões do Plano Plurianual; a
ineficiência da Avaliação de Desempenho Funcional (ADF); a falta de
transparência na condução do percebimento de insalubridade e periculosidade
para os servidores que se expõem a riscos em atividades de campo; a ausência de
segurança no trabalho; falta de capacitação e valorização do servidor; entre
outras demandas que são totalmente ignoradas pelos dirigentes, provocando uma onda
de insatisfação e desânimo do servidor para com esta gestão.
Por fim, nós, servidores do corpo técnico do INEMA,
gostaríamos de manifestar nossa indignação e informar à população que estamos
em Operação Padrão desde Abril/2015 e que, caso não ocorram avanços das pautas
reivindicadas, entraremos em paralisação.
Certos de que o meio ambiente equilibrado é interesse e
responsabilidade de todos, convocamos a sociedade baiana para a reflexão e o
apoio à nossa mobilização, tendo como meta novos rumos para o meio ambiente e
as águas da Bahia.
ASCRA – Associação Pré-Sindical dos Servidores do
Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
ASSERF – Associação dos Especialistas e Fiscais do Grupo
Ocupacional Fiscalização e Regulação do Estado da Bahia
AFA – Associação dos Fiscais Estaduais Agropecuários da
Bahia
ASTEFIRBA – Associação dos Técnicos em Fiscalização e
Regulação da Bahia
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