Mais uma do "zap":
Cosme Castor
Qua, 30/06/2021 09:01
O caminho cristão e a morte de Lázaro Barbosa
A esperada e programada execução policial do matador Lázaro Barbosa, assim como anteriormente a do chefe das milícias do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega, desnuda a ideologia e o modo de operação de grupos criminosos muito mais perigosos que os próprios executados.
Lázaro Barbosa era um pistoleiro pago e protegido por grandes fazendeiros (esses mesmos que muitas vezes patrocinam bancadas políticas), que aterrorizava caseiros e pequenos produtores, desvalorizando as terras e facilitando a compra pelos mais poderosos.
Obviamente, com Lázaro assassinado desaparece um arquivo dos crimes cometidos por esses latifundiários. O mesmo ocorreu com o "capitão" Adriano da Nóbrega, que chefiava a milícia carioca e foi até mesmo condecorado por políticos, até cair em desgraça, ser perseguido e executado, levando consigo inúmeras informações sobre os chefões do crime, que não estão mais apenas no Rio de Janeiro.
O crime organizado na Internet, aliado a falsos noticiários e a autodeclarados "cristãos", veicularam fake-news associando Lázaro a religiões de matriz africana e ao satanismo. Houve denúncia de que policiais chegaram a invadir terreiros e santuários, com a desculpa de que o pistoleiro poderia estar escondido nesses lugares sagrados.
A reação de alguns políticos e comunicadores de programas policiais de TV apenas demonstra que eles defendem um falso cristianismo, que usa o nome de Deus, mas renega o ensinamento e as práticas de Jesus de Nazaré.
Diz a Bíblia: "Eu, o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do malvado, mas sim que se converta do seu caminho e viva". (Ez 33,11)
Jesus afirmou que o Reino dos Céus será herdado pelos mansos, os pacificadores, os que cuidam dos pobres e, o que é mais difícil, os que rezam pelos inimigos, o que Ele fez até mesmo pelos que o estavam executando.
Auto-intituladas "pessoas de bem", que pregam a vingança e o extermínio como resposta, não podem se dizer seguidoras d'Aquele que morreu na cruz como um bandido.
Quem vibra com a morte de Lázaro Barbosa é o mesmo tipo de gente que ironizava e gritava para Jesus: "desce agora da Cruz!" ou "não era capaz de salvar os outros? Salve-se a si mesmo!".
A construção da paz e da civilização se faz com outro espírito. Quem adere à violência, mesmo aquela praticada contra criminosos, precisa "nascer de novo". Mas isso apenas se quiser seguir o caminho do verdadeiro cristianismo (EDELSON SOLER).
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